terça-feira, 19 de outubro de 2010

Nova Ortográfia

Saiba o que mudou na ortografia brasileira:

O objetivo deste guia é expor ao leitor, de maneira objetiva, as alterações introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995.


Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à pretendida unificação ortográfica desses países.


Como o documento oficial do Acordo não é claro em vários aspectos, elaboramos um roteiro com o que foi possível estabelecer objetivamente sobre as novas regras. Esperamos que este guia sirva de orientação básica para aqueles que desejam resolver rapidamente suas dúvidas sobre as mudanças introduzidas na ortografia brasileira, sem preocupação com questões teóricas.


Mudanças no alfabeto


O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser:



A B C D E F G H I J






K L M N O P Q R S






T U V W X Y Z


As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo:



a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);



b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.


Trema
Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.


Como era Como fica



agüentar aguentar



argüir arguir



bilíngüe bilíngue



cinqüenta cinquenta



delinqüente delinquente



eloqüente eloquente



ensangüentado ensanguentado



eqüestre equestre



freqüente frequente



lingüeta lingueta



lingüiça linguiça



qüinqüênio quinquênio



sagüi sagui



seqüência sequência



seqüestro sequestro



tranqüilo tranquilo


Atenção: o trema permanece apenas as palavras estrangeiras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano.


Mudanças nas regras de acentuação


1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).


Como era Como fica


alcalóide alcaloide



alcatéia alcateia



andróide androide



apóia (verbo apoiar) apoia



apóio (verbo apoiar) apoio



asteróide asteroide



bóia boia



celulóide celuloide



clarabóia claraboia



colméia colmeia



Coréia Coreia



debilóide debiloide



epopéia epopeia



estóico estoico



estréia estreia



estréio (verbo estrear) estreio



geléia geleia



heróico heroico



idéia ideia



jibóia jiboia



jóia joia



odisséia odisseia



paranóia paranoia



paranóico paranoico



platéia plateia



tramóia tramoia


Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.



2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.


Como era Como fica



baiúca baiuca



bocaiúva bocaiuva



cauíla cauila



feiúra feiura

Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).


Como era Como fica



abençôo abençoo



crêem (verbo crer) creem



dêem (verbo dar) deem



dôo (verbo doar) doo



enjôo enjoo



lêem (verbo ler) leem



magôo (verbo magoar) magoo



perdôo (verbo perdoar) perdoo



povôo (verbo povoar) povoo



vêem (verbo ver) veem



vôos voos



zôo zoo

4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.


Como era Como fica



Ele pára o carro. Ele para o carro.



Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.



Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.



Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos.



Comi uma pêra. Comi uma pera.


Atenção:
- Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular. Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.


- Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.


- Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos:


Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.

Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.



Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.



Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.

Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.


Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.


- É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?

5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. Veja:


a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos:

verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.

verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):

verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.

verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.

Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

Uso do hífen

Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos leitores, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo.

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